6 de jan. de 2008

CRISE INFINITA #04

A Irmandade Negra usa Químio para destruir a corrupta Blúdhaven. Superboy primordial ataca o Superboy atual, e a SJA, Patrulha do Destino e Titãs entram na luta. Espectro encontra um novo hospedeiro. Gladiador Dourado em busca do Escaravelho do Besouro Azul. Batman decide reagir e convoca Asa noturna. Toda a verdade sobre os preparativos da Crise, Alex Luthor começa a fase final de seu plano e Wally assume a última parte do legado de ser um Flash.Senhores e senhoras, Geoff Johns acaba de romper a barreira do som. Se as coisas ainda estavam esquentando nos primeiros números da Crise, a ação simplesmente engrena neste número. Muitas pessoas vão dizer que o autor está indo rápido demais, quando ele simplesmente nem deixa os leitores respirarem, mas isto se deve ao estado de catástrofe em que todo o universo se encontra. Numa situação destas, não há tempo para chorar mortos ou descobrir o que está acontecendo, só pode-se reagir, sofrer com a fúria e sacrificar-se. Depois haverá uma calmaria, onde todos os mortos poderão ser enterrados.Também é impressionante ver como o Asa Noturna respeita seu mentor. Ele abandona as vítimas da cidade que falhou em proteger para participar de seu plano. Mas ele também é reconhecido, depois de décadas como o simples garoto prodígio, como um grande herói, ao qual todos respeitam e confiam, e isto talvez seja imprescindível em uma época onde os heróis estão em plena desvantagem.Outro que, ao que parece, finalmente terá seu lugar ao sol é o Gladiador Dourado. Seu plot, onde ele volta do futuro e encontra o novo portador do escaravelho do Besouro Azul promete bastante, especialmente com um escritor que gosta de usar todas as peças do tabuleiro. E, falando em tabuleiro, parece que finalmente, depois de tanto tempo esperando, a equipe de Donna entra em jogo pra valer. Parece-me apenas que há algo ainda maior reservado para eles.Em meio a tanta coisa alguns plots podem passar despercebidos e dão um toque especial à trama, mas podem atrapalhar os leitores que não acompanham regularmente a DC. A ordem de Slade para a destruição do lar de Asa Noturna é uma retaliação a algo que aconteceu nas histórias recentes do acrobata. Já no caso de Chris Allen, parceiro de Montoya que foi baleado por Jim Corrigan e se torna o novo hospedeiro do Espectro, este fato aconteceu em uma história de Gothan City Contra o Crime (ou Gothan Central, na versão original) que ainda não chegou a ser publicado no Brasil. Resta até mesmo a dúvida se este é o mesmo Corrigan que foi o antigo hospedeiro do Espírito da Vingança.Por fim, podemos nos deter nos grandes vilões de Crise Infinita. Se você está lendo esse review e já leu a edição #03 da mini e a revista do Superman, edição #52, já sabe que Superboy Primordial e Alex Luthor são os grandes algozes da história, chegando na Terra muito antes do Superman da Terra 2. O que ninguém sabia é que eles provocaram a maior parte dos eventos da Contagem Regressiva, reestruturando a natureza espacial e mágica do universo DC para seus planos. Planos esses que parecem estar sendo conduzidos por Luthor. Superboy é apenas um bispo neste jogo de xadrez.E é o garoto que protagoniza o ponto alto da minissérie, até agora. Depois de perder tudo na destruição de sua realidade e de passar anos preso, assistindo a “deterioração” dos heróis desta realidade e sendo manipulado por Alex, ele está completamente insano. Parte para uma luta épica com Superboy (Conner Kent), onde na verdade está em choque o verdadeiro significado de ser um herdeiro do símbolo do “S”. E nesta luta, Superboy Primordial assassina vários Titãs (acredite, você não vai chorar por eles), insistindo que toda aquela sua violência era culpa dos outros.Assim, Johns continua sua crítica ao que o mercado de quadrinhos se tornou (leia-se Image, Top Cow, entre outros), quando quadrinhos transbordavam sangue usando a justificativa de que apenas estavam combatendo aos que já abusavam da violência. Eles, esses quadrinhos e Superboy Primordial, no entanto, por mais que aleguem que são o verdadeiro exemplo de heroísmo e que estão sendo corrompidos por outros, estão maculados em sua essência: optaram por aquele caminho, mesmo havendo outros.Eu sei que serei bastante criticado por me expressar diretamente, mas que necessidade há em se criar um monstro violento para assassinar o Superman na esperança de ser sua maior história quando gênios como Alan Moore escreviam histórias mais singelas e imortais para o herói? Que necessidade de um “Darkness” ou um “Spawn” dizendo estar lidando com o sobrenatural quando séries mais filosóficas como Sandman e Lúcifer, além de Hellblazer, já o faziam sem ter que apelar tanto? Porque insistir em pancadaria sem sentido quando temos obras primas que transformam mortes em poesia, como Sin City? Parte para a violência sem sentido apenas aquele que não tem argumento o suficiente para segurar uma história.Falando em verdadeiro heroísmo, não poderíamos deixar de lembrar do Flash. É engraçado pensarmos como esta personagem é tão importante para a DC e, ao mesmo tempo, tão subestimado pelos autores e leitores. O primeiro Flash, no Brasil chamado de Joel Ciclone, foi um dos primeiros heróis da Era de Ouro. O segundo Flash, Barry Allen, foi o primeiro herói da Era de Prata, resgatando as histórias de super-heróis de uma espécie de limbo do esquecimento, e promoveu o primeiro encontro entre terras paralelas, acompanhado de Ciclone. Allen também foi membro fundador da Liga da Justiça e o grande mártir da Crise nas Infinitas Terras, além de ter um imenso legado, com Wally West (Flash III), Bart Allen, dentre outros. A marcante presença de todos (eu disse TODOS) os velocistas da DC em um momento crucial da ação é um belo contraponto à carnificina promovida pelo Superboy.Os desenhos desta edição estão bem melhores que a edição passada. A intervenção de dois desenhistas auxiliares parece ter dado folga suficiente a Jimenez para que ele se concentrasse. A pin-up onde SB Primordial ataca pela primeira vez Conner é fantástica, e parece ter havido uma boa comunicação com o desenhista da edição #33 dos Novos Titãs, que mostra a mesma batalha. As mortes e golpes são os mesmo, dando coesão à história. A dupla de brasileiros (Ivan Reis no Lápis e Marc Campos no nanquim) está formidável. Estranhos mesmo estão os desenhos de Pérez. Não que estejam ruins, pelo contrário: continuam bons como sempre, agradando bastante. O problema está na arte-final, muito grosseira. Parece que o pior finalista do veterano George Pérez é o próprio Pérez.Na brincadeira de disputa entre as capas alternativas, não há nem dúvidas neste mês: embora a capa de Jim Lee se refira ao ponto alto da revista, é por demais estática. Ele não sabe desenhar cenas de ação, mesmo. Já a capa de Pérez é bastante fluída, passando cada movimento, cada contração de músculos. E, que bom, não é ele que arte-finaliza, apesar de Smith não ser muito bom também. Saudades de Jerry Ordway, mesmo fora de forma. Saldo parcial: Pérez 4, Lee 1.Melhor Momento: “Onde você for, sua família estará ao seu lado”.Linda West, esposa de um Flash!