7 de jan. de 2008

JUSTIÇA #09

A primeira investida da Legião do Mal contra a Liga cessou. Todos os heróis sobreviveram. É hora do contra-ataque.Passada a estagnação inicial, os heróis assimilam o golpe da revelação de suas identidades secretas, encaram o medo da divulgação de suas vidas privadas e iniciam a investida contra Luthor e Braniac. Porém, logo fica claro que o embate contra a vilania será mais duro que o previsto. O exército do mal está reforçado e seus novos combatentes são os próprios familiares e amigos dos heróis.O primeiro a lutar contra o próprio sangue é o Capitão Marvel. Aquele que é a síntese de seis dos mais fortes, corajosos e sábios personagens da história, encontra no amor nutrido por sua irmã seu ponto fraco. Apesar de, aparentemente, não possuir vulnerabilidade, Capitão Marvel é facilmente vencido por Adão Negro, seu amigo Freddy e sua irmã Mary. Essa foi apenas uma amostra dos desafios que a Liga terá de enfrentar quando a luta contra a Legião do Mal começar. E a julgar pela fragilidade do Capitão Marvel, talvez eles não estejam totalmente preparados.Enquanto parte da Liga forma uma frente de ataque contra Grodd, Clark Kent e Bruce Wayne investigam a verdade por detrás da suposta cura anunciada aos quatro ventos por Luthor. E a verdade não poderia ser mais sombria, pois as injeções milagrosas aplicadas por Jonathan Crane (Espantalho) fazem muito mais que “apenas” eliminar imperfeições nos frágeis corpos humanos. As máquinas injetadas com o soro milagroso estão controlando, reconstruindo e transformando os seres humanos. Braniac, portanto, não queria curar a humanidade, mas arrebatá-la, transformando os homens em soldados ao seu dispor. O que pode ser um ótimo gancho para as próximas edições, porque ao se confirmar o domínio da população por Braniac, este poderia utilizá-la contra a Liga. Estariam os heróis preparados para lutar contra todos aqueles que juraram proteger?A cada edição fica mais evidente que Braniac e Lex Luthor possuem objetivos distintos. Nunca houve uma união real para desmantelar a Liga da Justiça, mas somente uma união de forças para, cada qual, atingir seus fins particulares. Acredito, inclusive, que Luthor sequer saiba os reais propósitos de Braniac, tanto que implanta um dispositivo em um dos replicantes de Braniac, transformando este em um espião no covil do agora inimigo.Novamente o texto de Jim Krueger traz os elementos certos para manter o interesse do leitor. Toda a revista deixa ganchos e possibilidades muito interessantes para a próxima edição, como no caso do possível exército de Braniac, formado por parte da população mundial. Também merece destaque a personalidade forte da Mulher-Maravilha, pois mesmo debilitada pelo veneno introduzido em seu corpo pela Mulher-Leopardo, insiste em participar da campanha contra Grodd. Essa é a verdadeira natureza do herói. Conhece o seu próprio medo, sabe dos riscos de suas atitudes, mas prossegue sua caminhada para a proteção de um bem maior. Como todos dentro da Fortaleza da Solidão entendem os sentimentos que pairam na mente da Mulher-Maravilha, nenhum deles se opõe à sua vontade, pois sabem que se estivessem no lugar dela teriam a mesma atitude.Bem interessante também é a saída encontrada por Krueger para proteger a Liga das minúsculas máquinas de Braniac, principalmente pelo discurso furioso de Aquaman na edição anterior. Como mencionei no review anterior, a fala de Aquaman, apesar de justificada, haja vista o seqüestro do filho, deve ser avaliada com cautela, pois generaliza a violência para com as máquinas e sugere que o assassinato delas seja um fato menor ou um ato perdoável. Assim, mostra-se acertada a solução para evitar as diminutas máquinas de Braniac; envolver parte da Liga com os robôs outrora menosprezados por Aquaman, mostrando que somente a união homem-máquina será capaz de enfrentar os desafios vindouros.Quanto à arte, Alex Ross e Doug Braithwaite repetem a aula concedida mensalmente na série Justiça. É uma forma clássica de representar os quadrinhos, os ângulos são muito bem escolhidos e, muito embora não sejam tão ousados quanto outros artistas (a exemplo de Eduardo Risso em 100 Balas), concedem um ritmo perfeito à história. Destaque para a luta de Capitão Marvel e Adão Negro; quando Mary profere a palavra mágica, perde seus poderes e despenca rumo à morte, Marvel arremete em seu encalço e o ângulo que nos é apresentado nesta cena (originado dos próprios olhos de Marvel) mostra suas mãos enormes e fortes, em primeiro plano, contrastando com a pequenina e frágil Mary, em segundo plano.A luta travada com Adão Negro, por sinal, é o ponto alto revista, no que tange a arte. Não ocupa grande parte da HQ, mas todas as cenas que a representam são perfeitas, mostram somente o necessário para nos demonstrar o sofrimento de Marvel ao ter de combater as pessoas mais amadas.É de ser ressaltada, também, a belíssima página dupla onde a aperfeiçoada Liga da Justiça nos é apresentada. Todos os trajes desenvolvidos pelos artistas são belos e combinam perfeitamente com os heróis que os vestem. Na minha humilde opinião o do Batman é o mais bacana.Restam apenas três edições desta série já clássica. Muitas perguntas ainda pairam sem respostas, o que somente aumenta o nosso interesse pelos próximos números. É uma pena, portanto, faltarem tão poucos.